domingo, 25 de setembro de 2016

Doze campeões da Fórmula Indy que nunca ganharam as 500 milhas de Indianápolis

Bom, gente... temporada da Fórmula Indy já acabou e estive aqui pensando: para mim, a Fórmula Indy é dividida em dois campeonatos. As 500 milhas de Indianápolis eu considero um campeonato à parte do restante da temporada, pois a Indy 500 é que tem um charme especial, pois durante quase um mês, as equipes da Indy se preparam melhor para a principal prova da categoria. E eu tenho reparado que o pessoal dá muito mais valor às 500 milhas do que necessariamente à Fórmula Indy, sendo melhor reconhecido o piloto que ganha a tradicional prova do que ganhar todo o campeonato. Por isso mesmo, listei alguns pilotos que foram campeões da Fórmula Indy, mas nunca venceram a tradional prova do automobilismo norte-americano. Então, lá vai esta lista:

MICHAEL ANDRETTI - Estreou na categoria em 1983 como o filho de Mario Andretti. Michael detém os recordes de vitórias da Fórmula Indy (juntando todos os períodos) até 2007, e foi campeão da categoria em 1991. No entanto, como piloto, jamais venceu a Indy 500, colecionando histórias de insucessos que tanto perseguem a família Andretti. Seu melhor resultado como piloto foi um segundo lugar na edição de 1991. Porém, como chefe de equipe, Michael teve mais sorte e sua equipe venceu a prova em quatro oportunidades.

Michael Andretti durante a Indy 500 de 1991...


NIGEL MANSELL - O "leão", famoso pelos seus pegas contra Ayrton Senna e Nelson Piquet na Fórmula 1, chegou a disputar a Fórmula Indy nos anos 1990 e foi campeão da categoria em 1993 desbancando Emerson Fittipaldi no campeonato. Porém, para a título de Indy 500, Mansell disputou a prova apenas duas vezes e teve um terceiro lugar em 1993 como melhor resultado.

JIMMY VASSER - Veterano da Indy no período pré-cisão e na época da CART-Champ Car, Jimmy disputou algumas edições da Indy 500 e teve dois quartos lugares (1994 e 2001) como melhores marcas na corrida. Assim como Michael Andretti, Jimmy Vasser tem uma vitória na prova como dono da equipe KV em 2013 com Tony Kanaan.

BUZZ CALKINS - Este disputou a IRL desde a primeira corrida da categoria até 2001 e foi um dos campeões da temporada inaugural da nova categoria em 1996. Porém, Calkins não teve tanta sorte a título de Indy 500 e o melhor resultado dele foi em 1998, atingindo o décimo lugar, sempre como dono de sua própria equipe.

SCOTT SHARP - Começou na Fórmula Indy ainda no período pré-cisão em 1994 e depois foi para a IRL em 1996. Dividiu o título daquele ano com Buzz Calkins, mas em termos de Indy 500, teve resultados um pouco melhores. Sharp foi pole position na corrida de 2001 e atingiu sua melhor participação em 2007.

Zanardi, campeão na CART-Champ Car, mas sem participações em Indy 500...


ALEX ZANARDI - Campeão da Fórmula Indy pela extinta CART-Champ Car em 1997 e 1998, o italiano acabou pagando pelo fato da categoria não estar correndo as 500 milhas de Indianápolis naquele período. Por isso mesmo, Zanardi nunca teve o gosto de disputar a tradicional prova do automobilismo mundial, com suas chances de participar inclusive foram sepultadas com o acidente em Lausitz 2001 fazendo perder suas pernas e encerrar sua carreira para monopostos.

TONY STEWART - Foi campeão da Fórmula Indy pela IRL na temporada 1996/97 (aquela temporada começou em Agosto de 1996 e só foi terminar em Novembro de 1997). Na sua edição de estréia da Indy 500, herdou a pole conquistada por Scott Brayton por causa da morte do seu colega de equipe e participou de algumas edições até se transferir definitivamente para a NASCAR. Seu melhor resultado na Indy 500 foi em sua última edição disputada no ano de 2001, cravando um sexto lugar.

GREG RAY - Piloto que disputou a IRL entre 1997 e 2004 sendo campeão em 1999, ficou famoso na categoria por ressuscitar o número 13, até então, proibido na categoria por questões de superstição. E foi justamente na edição de 2003, guiando um carro 13, que ele obteve o melhor resultado na Indy 500, um oitavo lugar. Greg Ray ainda foi pole position em 2000.

Greg Ray ficou famoso por ressuscitar o número 13 na Indy 500...


CRISTIANO DA MATTA - Campeão da Fórmula Indy em 2002 pela extinta CART-Champ Car, assim como Alex Zanardi, nunca disputou a Indy 500, mas tem uma explicação: o próprio piloto abriu mão de disputar a prova para aceitar um convite de ir para a Fórmula 1 pela equipe Toyota. Da Matta correu na Fórmula 1 em 2003 e 2004, voltando à Champ Car em 2005, mas aí um acidente num teste em Elkhart Lake, onde atropelou um cervo, acabou deixando-o em coma por uns dias e encerrando a sua carreira para monopostos na hora. Hoje o piloto corre na Fórmula Truck Brasileira.

SEBASTIÉN BOURDAIS - Foi o último campeão da extinta CART-Champ Car, faturando o tetra campeonato de 2004 a 2007. Porém nas 500 milhas de Indianápolis, o piloto francês não demonstrava ter a mesma competência para o campeonato. O seu melhor resultado foi um sétimo lugar em 2014.

WILL POWER - Um dos pilotos que disputava da extinta CART-Champ Car, o australiano foi campeão da Fórmula Indy unificada em 2014. Disputou com isso a Indy 500 entre 2008 até os tempos de hoje, faturando um segundo lugar em 2015 como seu melhor resultado na prova.

SIMON PAGENAUD - Atual campeão da Fórmula Indy, Pagenaud foi outro também vindo da extinta CART-Champ Car. Porém demorou um pouco mais para entrar na Fórmula Indy unificada, fazendo seu debut em 2011. Pagenaud disputou a Indy 500 de 2012 até a última edição e seu melhor resultado foi um oitavo lugar em 2013.

Bom, é isso...

Valeu!!!!

sábado, 17 de setembro de 2016

E se a Bia Figueiredo tivesse chegado até a Fórmula 1...

Bom, gente... uma das coisas que mais me deixam puto com relação à Fórmula 1 é o fato de estarmos há muito tempo sem participação feminina na categoria. A última vez que se tentou fazer uma mulher correr foi com a italiana Giovana Amati em 1992... mas o carro da Brabham era tão ruim, uma equipe que estava indo para a bancarrota e a Giovana também não era assim tão boa o suficiente para ter um mínimo de competitividade na categoria, e a pobre da italiana acabou na época saindo das pistas e fechando as portas para o sexo feminino por um bom tempo. Recentemente tivemos outras duas tentativas para se colocar mulheres na Fórmula 1 que foram a suíça Simona de Silvestro com a Sauber e a escocesa Susie Wolff com a Williams. Mas o que ninguém sabe é que no começo dos anos 2000, o Brasil tinha uma piloto mulher que muitos aqui no país e quem conhecia ela, acreditava que poderia chegar até à Fórmula 1 pelo seu talento natural demostrado nas pistas brasileiras. Estamos falando de Ana Beatriz Figueiredo, ou simplesmente Bia Figueiredo, como ela gosta de ser chamada.

Bia Figueiredo, piloto da Stock Car Brasil

Bia Figueiredo teve ótimas passagens pelo kart brasileiro e logo depois iria para a Fórmula Renault Brasileira, com uma marca muito bem expressiva: Bia foi a primeira mulher a ganhar uma corrida de monopostos no Brasil e a primeira a ganhar na Fórmula Renault em todo o mundo (detalhe: a Fórmula Renault tinha na época várias divisões espalhadas pela Europa). Na última temporada dela, em 2005, Bia encerrou aquele campeonato na terceira colocação geral, com três vitórias e três poles positions. Na época, os especialistas consideravam a piloto como "o Novo Ayrton Senna" (hoje este tipo de declaração seria repudiada pelas feministas de plantão).

Mas, ao contrário do que muitos apontavam, Bia não conseguiu chegar lá. Depois daquele ano fantástico, a carreira dela deu algumas mudanças de direção. Ela foi para a Fórmula 3 Sudam, depois a extinta A1GP (que era uma Copa do Mundo de Automobilismo onde as equipes eram representadas pelos países), passando pela Indy Lights onde tornou-se a primeira mulher a ganhar corridas nesta categoria, alcançou à Fórmula Indy, onde aí sua carreira entrou em declínio e hoje ela está na Stock Car Brasil, contentando-se em ser apenas coadjuvante junto com outros ex-veteranos de Fórmula 1 e Fórmula Indy.

Bia Figueiredo com seu empresário na época, o ex-piloto André Ribeiro

A carreira de Bia Figueiredo, ninguém podia imaginar na época, que terminaria assim dessa forma, pois a própria piloto sempre falava com otimismo das suas chances lá dentro, do sonho de querer disputar freadas e ganhar vitórias e títulos dentro da Fórmula 1... porém, o tempo foi passando, a idade avançando e ela não conseguia sair do lugar. A ida para os Estados Unidos foi uma mudança radical de planos e foi aí que os problemas começaram. Ela começou a adotar uma política de que "a Fórmula 1 era suja e que por isso não estava mais querendo ir pra lá", entre outras declarações mais. Com o destaque na indy Lights, começaram a chamá-la de "Danica Patrick do Brasil", numa alusão a piloto norte-americana que fez grande sucesso por lá, comparando o talento de ambas... porém, Bia começou a sentir o peso da responsabilidade quando ascendeu à categoria principal e as vitórias ficaram deixadas de lado. Bia não se adaptou, começou a andar cada vez lá atrás, e a antes "Danica Patrick do Brasil" virou a "Milka Duno tupiniquim", numa outra comparação à piloto venezuelana que não deixou nenhuma saudade na Indy. O ponto máximo do declínio da Bia foi numa corrida em Detroit em 2013 quando a Bia, sem recursos financeiros, foi substituída por um piloto chamado Mike Conway, que foi chamado para guiar o seu carro pela equipe Dale Coyne, e com o carro da Bia, Conway acabou faturando uma grande vitória e um pódio naquele final de semana de rodada dupla. Detalhe: Conway tinha revelado para a Indy a sua decisão de deixar de competir em circuitos ovais por trauma de duas pancadas fortes nas 500 milhas de Indianápolis que ele sofreu em edições diferentes.

Com isto, foi o fim da Bia Figueiredo nos Estados Unidos e a volta à realidade brasileira. Hoje ela é apenas mais uma na Stock Car Brasil. Mas eu notei algumas atitudes dela nesta caminhada que ela fez e os caminhos. Durante muito tempo, ela tinha como empresário o ex-piloto da CART, o André Ribeiro, o homem que trouxe a Fórmula Renault aqui no Brasil e ele passou a gerenciar a carreira da jovem piloto. A passividade da Bia também era outra coisa que os críticos lembravam. Tudo que perguntavam para ela, ela citava o empresário e vinha sempre com este mesmo bordão; "vou ver o que o André acha!!!", ou seja, o que ele falava, ela acatava sem questionar, sem perguntar nada. Quando não estava guiando nas pistas, estava simplesmente trabalhando nas empresas do André Ribeiro, e ele, na minha concepção de ver, um homem que se gabava de conseguir os melhores lugares nas pistas por estar sempre negociando patrocínios como empreendedor, não conseguiu ter esta mesma visão de negócios quando se tratava de gerenciar a carreira da Bia Figueiredo.

Este poderia ter sido o carro da Bia Figueiredo na Fórmula 1... a Williams...

Ninguém se lembra disto, mas eu ouvi uma história lá em 2005 no Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1. A Fórmula Renault brasileira teve no mesmo final de semana, uma rodada dupla em Interlagos, como preliminar da corrida principal. Os chefes de equipe da Fórmula 1 viram esta corrida e segundo fontes que hoje ninguém mais fala, o Sir Frank Williams, dono da equipe de seu nome, que dispensa apresentações, viu e se encantou com a tocada da Bia Figueiredo. Ele perguntou quem era essa jovem piloto de pouco mais de vinte anos que encantou pela tocada agressiva e pela combatividade naquele final de semana. Isto foi aos ouvdos da própria Bia este elogio e ela contou para o seu empresário, o André Ribeiro. Frank teria feito uma proposta para ela correr para a equipe, mas o André Ribeiro tratou de jogar um balde de água fria. Ele simplesmente disse para a Bia Figueiredo: "Você precisa é adquirir mais experiência na Europa". Sem questionar nem perguntar nada, Bia simplesmente se calou e o Sir Frank Williams acabou "lavando as mãos" neste episódio. Dias depois, o ex-piloto Keke Rosberg (campeão pela Williams em 1982 ganhando apenas uma corrida na sua carreira), ofereceu seu filho para um teste na Fórmula 1. Este filho era um jovem também de pouco mais de vinte anos chamado Nico Rosberg. E hoje Nico Rosberg é um dos pilotos de ponta da Fórmula 1 e está prestes a completar a marca de mais de 200 Grandes Prêmios disputados.

Pois é... Nico Rosberg entrou na Fórmula 1 e a Bia perdeu sua oportunidade, o que foi uma pena... eu penso que se realmente essa proposta para a Bia tivesse sido feita e ela realmente aceitasse essa proposta. Se ela tivesse falado para o André Ribeiro: "Eu quero ir para a Williams. Dá um jeito de me encaixar por lá...",. hoje talvez a carreira dela teria rumado por caminhos diferentes. E vamos supor que o Sir Frank Williams mesmo assim quisesse colocar o Nico Rosberg como titular por influência do Keke, não teria problema... Sir Frank poderia bancar ela numa Fórmula 3 européia por duas temporadas (para ela conhecer as pistas de lá) e depois mais duas temporadas de GP2 (o último degrau antes da Fórmula 1). Aí no mais tardar, sua estréia na Fórmula 1 seria em 2010. E eu até imaginaria a dupla se fosse o Sir Frank: Bia Figueiredo e Nico Hulkenberg (dois pilotos promissores vindos da GP2) e faria com eles um contrato de três anos de duração no mínimo (Nico Hulkenberg foi piloto da Williams em 2010 e cravou uma espetacular pole position em Interlagos, mas foi um talento que Frank largou mão porque precisava do dinheiro da PDVSA de Pastor Maldonado). Teria dois talentos bons que poderiam alcançar resultados razoáveis para a equipe e não precisaria passar por uma crise técnica e financeira tão grave assim primeiro porque dois estreantes na equipe sairiam mais baratos para a equipe do que contratar um veterano em fim de carreira ou pilotos pagantes, como Sir Frank fez no começo desta década. E a presença de uma mulher jovem (Bia estaria com 25 anos se fosse contratada em 2010) na equipe seria ótima para o marketing da Williams, talvez atrairia mais patrocinadores aos poucos. Só era necessário ter paciência com a dupla pois os resultados viriam a um médio prazo e também um bom equilíbro financeiro.

Poderia ser diferente se o André Ribeiro não tivesse desestimulado a Bia Figueiredo ao fazer tal declaração para ela durante o Grande Prêmio do Brasil de 2005... poderia... mas não foi... e por essas e outras que não me conformo com o fato da Bia Figueiredo não ter chegado até à Fórmula 1... quebraria jejuns e também seria um orgulho ver uma brasileira correr na categoria top do automobilismo mundial...