domingo, 18 de março de 2012

A Fórmula Indy e as viúvas da Champ Car

Bom, gente. A temporada da Fórmula Indy está para começar, e a expectativa é que venhamos a ter uma nova e emocionante temporada. Pelo menos é o que queremos. Afinal, carros novos, algumas estréias de pilotos e tudo o mais. Mas eu vejo, através dos longos fóruns de debate, que nada disso para um seleto grupo, é motivo de celebração ou perspectiva de melhorias na principal categoria norte americana de monopostos. Para alguns, sempre há uma coisa ou outra que é criticada por não concordar com uma visão que eles tinham antes da categoria. Estou necessariamente falando de um grupo chamado de "Viúvas da Champ Car". Os motivos vou explicando logo abaixo:



Para quem cirtia a Indy um pouco antes dela se rachar ao meio em 1996, ano da cisão, a categoria era uma ótima opção de competitividade, estratégia e boas corridas. Ídolos criados como Emerson Fittipaldi, Bobby Rahal, Rick Mears, Al Unser Jr, Danny Sullivan, Roberto Guerrero, Michael e Mario Andretti, entre outros, eram motivos de boas disputas por posições. Veio a internacionalização e com ela, muita gente se incomodou com o excesso de estrangeiros que estavam invadindo a categoria.

Por causa deste argumento, Tony George acabou rompendo-se com a CART (entidade que controlava a Indy na época) e criou seu próprio campeonato, denominado IRL (Indy Racing League). Então tivemos a partir de 1996, dois campeonatos. A CART (que perdeu o nome da Indy para a categoria rival e passou a se denominar Fórmula Mundial no Brasil) tinham os melhores pilotos e as melhores pistas. A IRL passou a correr em circuitos ovais, apoiado com as 500 milhas de Indianápolis, que privilegiou os pilotos da casa desde então. Os nomes na IRL foram substituídos por pilotos como Tony Stewart, Greg Ray, Arie Luyendyk, Kenny Brack, Marco Greco, entre outros, enquanto que na CART, as estrelas eram o Alex Zanardi, o Greg Moore, Paul Tracy, Mark Blundell, Jimmy Vasser, Juan Pablo Montoya e uma leva de brasileiros como Gil de Ferran, André Ribeiro, Maurício Gugelmin, Christian Fittipaldi e Roberto Moreno, entre outros.

Pois bem. O nível das duas categorias era uma coisa que beirava o disparate entre ambas. Segundo os especialistas, não tinha nem como comparar ambas as categorias. Afinal, a CART tinha as melhores pistas como Elkhart Lake, Cleveland, Portland, Laguna Seca, entre outras, e a IRL só queria era saber de correr em oval, sequer tendo curvas à direita nos seus circuitos. Ainda assim, eu acreditava que um dia poderíamos ter um acordo e ambas as categorias voltarem a se fundir. Como??? Simples: nos esportes americanos como NBA (basquete) e NFL (futebol americano), também tiveram rachas históricos e eles depois de um tempo resolveram se juntar novamente.



Eu pensei que essa fusão pudesse já acontecer em 2000, quando a equipe Chip Ganassi (tetracampeã da CART) começou a frequentar também a IRL com o objetivo de disputar a Indy 500, e lá foi ela com o Juan Pablo Montoya, num típico passeio de Domingo no Parque, arrebatar a corrida. Em 2001, o golpe foi pior: os seis primeiros colocados foram preenchidos por pilotos da CART. Tal disparate fez questionar de vez o nível da IRL e para muitos, a categoria de Tony George mostrou-se inferior à CART.

Isso tudo só aumentou depois que aconteceu o que dizemos de "o grande erro" da administração da CART. Em 2001, a categoria marcou uma corrida no oval do Texas. Mas devido à problemas de downforce e indisposição de pilotos, aliado à enormes velocidades que os carros atingiam, verificou-se depois de um teste classificatório que a pista não tinha condições de ser realizada. Foi o início do processo de bancarrota da CART.

Várias equipes e pilotos se mudaram para a IRL, como as poderosas Penske, Ganassi e Andretti, a CART passou a decair e minguar o grid cada vez mais. Pistas tradicionais foram deixadas de lado para o lugar de circuitos de rua, que chamam mais público, mas em compensação, as disputas viram verdadeiras procissões de um carro atrás do outro, sem poder ultrapassar ninguém. O nível dos pilotos também decaiu e muito. Os melhores foram indo para a IRL e a CART (que depois passaria a se chamar Champ Car), tentou criar novos ídolos, em vão. A essência que era as estratégias e diversidade nas fornecedoras de chassis e motores também foram deixadas de lado, ou seja, segundo um jornalista, a Fórmula Mundial deixou de ser um produto nota 8 para virar um produto nota 2. No fim, a Champ Car acabou morrendo em 2008, incorporada por Tony George e a sua IRL.



Bom, agora é aí que entra as viúvas. Reparei que durante este tempo, o extremismo entre ambas as categorias chegou num auge que esses fãs da Champ Car, mesmo com a categoria em declínio, para eles, era a melhor categoria do mundo. A Champ Car tentou de várias formas ou outras, tentar salvar a categoria, mas algumas decisões foram consideradas erradas. Tirar os circuitos tradicionais e colocar os circuitos de rua "Mickey Mouse" foi uma delas. Depois, foi tirar os circuitos ovais, porque eles lembravam a IRL. O novo carro Panoz DP1 foi aguardado com muita expectativa, mas revelou-se ser um carro inapropriado para circuitos ovais e daí que era pra ser usado para várias temporadas e foi apenas na temporada de 2007. Tentaram adotar a largada estática também como na Fórmula 1, e até uma mulher entrou na categoria, a inglesa Katherine Legge, que era para rivalizar contra a estrela da IRL, a americana Danica Patrick, mas ela sucumbiu face à enorme potência dos carros da Champ Car, mais difíceis de se dirigir que os da IRL, e também ao marketing pró-Danica.

Quando a Champ Car decretou sua falência e houve a incorporação da categoria pela IRL, houve uma chiadeira e protestos geral. Afinal, esses torcedores passaram a se denominar as viúvas como citei. Eles queriam ver a IRL sendo incorporada pela Champ Car, quando o que aconteceu foi o contrário. Tudo o que a Champ Car construiu, a IRL passou a descartar com o tempo. As pistas como Portland, Elkhart Lake, Laguna Seca, Cleveland, entre outras, usadas pela CART, os fãs querem que elas venham para o calendário atual da nova Indy. Também eles encontram resistência ao novo Dallara da Indy, porque muitos preferiam o Panoz DP01 de 2007, com motor turbo, e era uma afronta a Indy correr com um Dallara usado desde 2003. Os novos ídolos da atual Indy também viraram alvo da fúria desses torcedores. Acostumados com os pilotos citados no início da coluna, os pilotos atuais como Dario Franchitti, Scott Dixon, Will Power, JR Hildebrand, Simon Pagenaud, entre outros, eram sempre comparados aos ídolos do passado, e segundo eles, não tinham carisma nem simpatia desses torcedores. Fora o que muitos pilotos e equipes sofreram na mão desses radicais quando deixaram a CART e foram para IRL ou Nascar da vida.

Hoje lamenta-se o fim de uma equipe como a Newmann Haas, bastante competitiva nos tempos áureos da CART, mas ao mesmo tempo aplaudem e vibraram quando uma Vision ou uma Dragon que eram equipes da IRL. A mesma coisa são os pilotos. Quem foi fiel à Champ Car até o fim como Paul Tracy e Simon Pagenaud tem que ter lugar cativo na Indy. Quem era originário da IRL, é sempre ruim e tá tomando o lugar de vários que poderiam andar bem, como se a Indy atual tivesse obrigação de dar um lugar decente na Indy pra quem é preferido por essa turma.

Hoje, vejo que no momento, é hora de apoiar o caminho que a Indy está tomando, e não criticar por causa de um certo saudosismo que tem que acontecer. Claro que coisa boa tem que se lembrar, mas como ouvi em um fórum, viuvice tem limites, e o momento é torcer para que a nova Indy venha a ser competitiva e resgate um pouco do que ela representou ao longo desses anos. É esperar e ver.

2 comentários:

  1. A Indy está fadada a morrer se não tiver uma nova postura frente ao público americano e mundial com corridas mais interessantes e carros um pouco mais "engraçados" do que os atuais Dallara que lembram mais os Indy Lights do que os antigos Indy da CART.

    ResponderExcluir
  2. Oi Vander!!! Muito legal o seu blog....
    Acertou nas previsões da formula 1.

    Roberta

    ResponderExcluir