Bom, gente... hoje vou falar de um piloto que hoje está a poucos GPs da
aposentadoria e que muitos o consideram um excelente piloto. O australiano Mark
Webber, para muitos, não teve a oportunidade de ser campeão, mas aqui vendo,
vou relatar algumas coisas que aconteceram nos últimos anos...
O piloto australiano veio para a Fórmula 1 em 2002, depois de algumas
passagens pela Mercedes no FIA GT e depois disputado a extinta Fórmula 3000 (a
predecessora da GP2). Webber tinha como padrinho o italiano Flávio Briatore,
famoso por empresariar jovens pilotos e lança-los para a Fórmula 1. Logo na sua
estréia, pela Minardi, arrancou um surpreendente quinto lugar no GP da
Austrália, numa corrida que teve muitos acidentes na largada e que causou a
controvérsia de não ter sido interrompida. Foi o grande momento da equipe
naquela temporada e Webber deu os únicos pontos da equipe (naquela época só
pontuavam os seis primeiros colocados de cada corrida).
No ano seguinte, Webber ganhou a vaga na Jaguar, que teve como
companheiro de equipe o brasileiro Antônio Pizzônia. Tava claro e nítida a
proteção dada a Webber na equipe. Pizzônia foi demitido por causa de uma
ultrapassagem do piloto brasileiro em cima dele, já nascendo ali uma grande
inimizade.
O que todo mundo notava em Mark Webber era uma postura arrogante e
prepotente do piloto em suas declarações e também o fato dele fazer seu próprio
marketing pessoal. Muitos diziam que ele tinha postura e espírito de campeão
mundial. O próprio piloto se vangloriava disso e se autointitulou certa vez
como “Destruidor de companheiros de equipe”. Mas o nível dos companheiros que
ele teve era coisa questionável: Alexander Yoong, Anthony Davidsson, Antônio
Pizzônia, Justin Wilson, Christian Klien, Nick Heidfeld foram alguns em
princípio de carreira. Todos eles deixaram a Fórmula 1 mais tarde e com a
comparação desses pilotos com Webber, diziam que o australiano era sempre o
melhor e pronto.
Quando ele assinou com a Williams para disputar a temporada de 2005, o
próprio piloto exigiu cláusula para escolher companheiro de equipe e de certa
forma até que foi atendido. Tudo isso para vetar Antônio Pizzônia na equipe,
onde a BMW acabou dando o veto para contratar Nick Heidfeld. Mas ele entrou na
Williams quando a montadora alemã estava saindo da equipe e depois veio a
mudança para os fraquíssimos Cosworth, ele viu que fez uma burreira do tamanho
do mundo e foi salvo pela Red Bull, que o contratou para guiar pela equipe a
partir de 2007.
O problema era a falta de vitórias. A Red Bull nunca vencia corridas
naquela época. E eu notava que Webber ainda não tinha encontrado um companheiro
de equipe que realmente o desafiasse. Até que a equipe promoveu Sebastian
Vettel da Toro Rosso para a equipe principal. Veio Vettel e a equipe começou a
ganhar corridas. Mark Webber finalmente venceu uma corrida depois de 130 GPs
disputados (o GP da Turquia em 2009), quebrando a marca de Rubens Barrichello
como o piloto que mais demorou para vencer um grande prêmio. Veio uma guinada
na carreira dele, melhorando da água para o vinho, como diriam muitos.
O ano de 2010 veio e a Red Bull começou sua dinastia. Webber finalmente
se lançou como um candidato em potencial à disputa. Parecia que seu ano
finalmente iria chegar. Mas ele não tinha o apoio da equipe, onde os dirigentes
sempre destratavam Webber quando ele reclamava ou cometia alguma infelicidade.
Prova disso ele teve em duas oportunidades: no GP da Inglaterra, quando a
equipe optou por dar uma asa nova para Vettel, tendo que fazer Webber correr
com o equipamento antigo. Webber ganhou o GP de Silverstone e declarou no
rádio: “Nada mal para um segundo piloto.”
A outra prova foi justamente na reta final. Líder do campeonato, ele
não teve o apoio da equipe para fazer dele o campeão. Vettel ganhou as duas
últimas corridas e virou o jogo, tornando-se campeão sem liderar em nenhum
momento o campeonato. A célebre declaração do dirigente da Red Bull de dizer: “Prefiro
o segundo lugar a ser campeão com jogo de equipe” soou como um grande golpe de
mestre ao final da temporada e de que “venceu o esporte”. Mas a intenção da Red
Bull era clara: “melhor perder o campeonato do que ganhar com Mark Webber.
Preferimos o Vettel.”
A partir daí, o piloto australiano perdeu motivação e fez várias
corridas modorrentas, contrastando com o domínio de Vettel. As vitórias foram
se escasseando e o golpe final da equipe foi o GP da Malásia deste ano, onde a
Red Bull ordenou aos seus pilotos manterem as posições de pista. Webber
liderando e Vettel em segundo. Vettel desobedeceu a ordem e atacou Webber,
ganhando a corrida, logo depois sendo blindado pela equipe. Se fosse Mark
Webber que tivesse desobedecido a ordem num possível Vettel em primeiro e
Webber em segundo, seria demitido naquele momento. Estava claro ali quem era
quem mandava na equipe...
Como torcedor, eu me antipatizava muito com ele e suas atitudes
arrogantes e todo mundo achando ele certo. Achava-o superestimado pela mídia e
dirigentes. A sua postura de “destruidor de companheiros de equipe” me fez
pensar numa coisa e desejei algumas vezes: “Espero que ele não encontre um Mark
Webber pela frente.”. E ele o encontrou, na faceta de Sebastian Vettel...
Agora, com o fim de sua carreira na Fórmula 1, vai tentar a sorte em
2014 no WEC (o campeonato mundial de Endurance) como piloto oficial da Porsche.
Antes, destruidor, acabou no fim sendo destruído, talvez pagando pelo que declarou
e como foi o rumo de sua equipe. Ele termina a temporada marcado como um grande
piloto que acabou não faturando o campeonato porque as circunstâncias não
permitiram. Como outros pilotos que também são lembrados como talentosos, mas
sem títulos, como a “gratidão” da Fórmula 1 sempre marcou...
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