Bom, gente. Hoje nesta coluna vou falar um pouco sobre algumas mudanças em regulamento que aconteceram nestes últimos anos... reparei que depois que a FIA adotou que cada piloto seguisse um número desde 2014 para seguir na carreira, alguns números surgiram como caras novas nas Fórmula 1. Números que em sistemas anteriores de numeração jamais estariam vivos, este é o caso de números mais altos, como 55, 77, 98, 99, etc, etc...
Pois bem, com a liberdade que os pilotos agora têm de escolherem seus próprios números, vimos ano passado por exemplo, o Lewis Hamilton se sagrar campeão guiando um carro de número 44, coisa que jamais viríamos anos atrás. E justamente alguns números acabaram ficando esquecidos. Este é o caso do número 2, que sempre atormentou muito piloto.
Para se ter uma idéia de como os tempos mudaram, antes, a FIA proibia o uso do número 13 por representar um número de azar. Mas depois que a entidade liberou o número que quisesse usar daqui pra frente, teve piloto que resolveu adotar justo o número 13, mas ninguém gosta de usar o número 2, por exemplo. Houve uma inversão de valores. Mas por que o número 2 passou a ser tão mal falado e abominado pelos pilotos???
A explicação se deve justamente nos sistemas de numeração anteriores que estavam em vigor. O piloto campeão usava obrigatoriamente na temporada seguinte o número 1, de primeiro. E seu companheiro de equipe passou a usar obrigatoriamente o número 2, ou seja, ficou marcado por ser o companheiro de equipe do campeão. Não muito bem visto pela categoria. Num mundo onde existem na equipe o papel de primeiro e segundo piloto, justamente o piloto que ficava com a incumbência de ser o companheiro de equipe do piloto campeão tinha que carregar este fardo nas costas, ser o que chamamos de "capacho" do piloto campeão, aquele que tinha que obeceder às ordens da equipe para que o número 1 ganhasse as corridas.
Mas nem sempre foi assim. Também tivemos um exemplo de número 2 acabar se sagrando campeão. Dos quatro títulos de Alain Prost na Fórmula 1, três foram com ele ostentando o carro de número 2 (1985, 1989 e 1993). Parece que Alain Prost foi uma exceção no seu tempo, conseguindo desafiar a estigma de ser o número 2, o segundão da equipe e ele conseguiu mostrar que o 2 também poderia ser campeão.
Para os pilotos brasileiros, este número, porém, não traz muitas boas recordações. Foi com este número que Ayrton Senna guiou as suas três últimas corridas na Williams Renault até sofrer o acidente fatal em 1994. Felipe Massa na Ferrari no ano de 2008 quase faturou o título em Interlagos, ficando marcada a sua última vitória num dia de Finados daquele ano. O brasileiro lamenta até hoje o Timo Glock não ter segurado Lewis Hamilton nas últimas curvas, com o título mais ganho dos últimos tempos sendo perdido.
Mas, para o torcedor brasileiro mesmo, falou de número 2, eles lembram de Rubens Barrichello. Sua estadia na Ferrari como companheiro de equipe do Michael Schumacher o marcou como o piloto que mais usou este número desde que a Fórmula 1 adotou a numeração fixa de 1973 a 2013 (Barrichello usou o número 2 de 2001 a 2005 na Ferrari). Pobre Barrichello, acabou pagando pelo jogo de equipe da Ferrari, desempenhando o papel de companheiro e escudeiro do multicampeão alemão e com isto falou de número 2 no Brasil, o pessoal o associa ao nome dele.
O fato é que, depois que a FIA liberou a numeração para os pilotos usarem os números que quiserem, o número 2, marcado negativamente na categoria, acabou com isto pagando os seus pecados. Muitos pilotos de talentos tão díspares acabaram usando este número. E hoje, o número 2 acabou ficando esquecido e abandonado, onde ninguém quer saber de ostentar este número, com medo de ficar marcado como um piloto de pouco talento e ver suas vitórias se escassearem...
Pilotos que usaram o número 2 (desde 1973 a 2013)
1973 - Ronnie Peterson (Lotus Ford)
1974 - Jacky Ickx (Lotus Ford)
1975 - Jochen Mass (McLaren Ford)
1976 - Clay Regazzoni (Ferrari)
1977 - Jochen Mass (McLaren Ford)
1978 - John Watson (Brabham Alfa Romeo)
1979 - Carlos Reutemann (Lotus Ford)
1980 - Gilles Villeneuve (Ferrari)
1981 - Carlos Reutemann (Williams Ford)
1982 - Riccardo Patrese (Brabham Ford)
1983 - Jacques Laffitte (Williams Ford)
1984 - Teo Fabi, Corrado Fabi e Manfred Winkelhock (Brabham BMW)
1985 - Alain Prost (McLaren TAG)
1986 - Keke Rosberg (McLaren TAG)
1987 - Stefan Johansson (McLaren TAG)
1988 - Satoru Nakajima (Lotus Honda)
1989 - Alain Prost (McLaren Honda)
1990 - Nigel Mansell (Ferrari)
1991 - Gerhard Berger (McLaren Honda)
1992 - Gerhard Berger (McLaren Honda)
1993 - Alain Prost (Williams Renault)
1994 - Ayrton Senna, David Coulthard e Nigel Mansell (Williams Renault)
1995 - Johnny Herbert (Benetton Renault)
1996 - Eddie Irvine (Ferrari)
1997 - Pedro Paulo Diniz (Arrows Yamaha)
1998 - Heinz-Harald Frentzen (Williams Mecachrome)
1999 - David Coulthard (McLaren Mercedes)
2000 - David Coulthard (McLaren Mercedes)
2001 - Rubens Barrichello (Ferrari)
2002 - Rubens Barrichello (Ferrari)
2003 - Rubens Barrichello (Ferrari)
2004 - Rubens Barrichello (Ferrari)
2005 - Rubens Barrichello (Ferrari)
2006 - Giancarlo Fisichella (Renault)
2007 - Lewis Hamilton (McLaren Mercedes)
2008 - Felipe Massa (Ferrari)
2009 - Heikki Kovallainen (McLaren Mercedes)
2010 - Lewis Hamilton (McLaren Mercedes)
2011 - Mark Webber (Red Bull Renault)
2012 - Mark Webber (Red Bull Renault)
2013 - Mark Webber (Red Bull Renault)
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