quarta-feira, 18 de maio de 2016

A maldição da cor verde no automobilismo de monopostos

Bom, gente... estava aqui pensando sobre uma coisa: como que se formam campeões e perdedores???? Tava aqui reparando que de vários carros que foram ganhadores de corridas ou títulos nas categorias de monopostos, algumas cores se sobressaem sobre outras. E eu tenho notado uma coisa: como é que dentre esses carros, quase nunca aparece carros de cor verde???? Seria uma maldição que estaria rondando quem usa esta cor????

Nas superstições e misticismos, o verde simboliza a esperança. E tinha uma época que as equipes tinham cores específicas para cada uma delas. A Ferrari, por exemplo, era (e até hoje é) o vermelho. A Brabham era o azul. A BRM, o preto. A Mercedes, a prata. A McLaren, o laranja. E a Lotus usava a cor verde.

Nos anos 1960, a Lotus ganhava muitas corridas, principalmente com o Jim Clark, ostentando o verde reluzente nos seus velozes carros. Mas esta cor, com o passar do tempo, começou a ter suas vitórias escasseadas. E há um motivo para isto: dizem que quando a Lotus abandonou sua cor tradicional para ostentar o patrocínio da Gold Leaf (uma marca de cigarros), isto tenha sido a causa para que o verde deixasse de ganhar as corridas e passasse a ser agourento. Esta maldição se encontra presente na Fórmula 1 e na Fórmula Indy (não vale para categorias de base ou carros turismo ou protótipos). E vou citar pra vocês alguns casos curiosos de como o verde se tornou uma cor agourenta para quem a ostenta:


O primeiro caso, talvez tenha começado com a Alfa Romeo nos anos 1980. Na época, a Marlboro patrocinava a equipe, assim como também patrocinava a McLaren. No final de 1983, a Marlboro resolveu priorizar a McLaren e a Alfa Romeo teve que buscar outro patrocínio. Foi aí que pintou a Benetton e a equipe passou a ostentar o verde nos seus carros. A equipe acabou fechando as portas no final de 1985 depois que a Benetton comprou a equipe Tóleman.


Porém, antes da Benetton patrocinar a Alfa Romeo, ela estava com a Tyrrell em 1983. Foi neste ano que a simpática equipe do velho Ken Tyrrell obteve sua última vitória na categoria ostentando o verde do patrocinador. Depois disto, a equipe passou a figurar o pelotão do meio para trás até o final dos anos 1990, mesmo já sem a cor verde.

Por falar em Benetton, a equipe ostentava o verde nos seus carros, mas misturava com outras cores. A equipe foi conseguindo poucas vitórias, mas só decolou mesmo como equipe de ponta quando assumiu a predominância da cor azul da Mild Seven, já com Michael Schumacher na equipe.



Outro exemplo de carro de cor verde nos anos 1990 foi a Jordan. A equipe surgiu com uma pintura verde muito bonita graças ao patrocínio da Seven Up. A Jordan teve bons momentos, mas um detalhe curioso merece a atenção: no GP da Bélgica de 1991, a equipe estava indo muito bem com o Andrea de Césaris, que estava pronto para assumir a liderança daquela corrida e o Ayrton Senna estava tendo problemas com a sua McLaren Honda. Parecia ser uma chance de ouro para o italiano. Mas na penúltima volta, seu carro estourou o motor e ele teve que abandonar a corrida, inconsolado pela chance de ouro perdida.


A Jaguar, assim que assumiu o controle da equipe Stewart, tratou de radicalizar. Saiu o branco da equipe antiga e eles colocaram o verde. Pouquíssimos resultados foram obtidos e em 2004, a Jaguar resolveu fechar as portas e a Red Bull acabou comprando a equipe.



O último exemplo de carro verde na Fórmula 1 foi a Caterham. Inicialmente como Lotus Racing, mudou de nome em 2012 e passou todo este período no fundo do grid e sem marcar nenhum ponto, mesmo com o novo critério de pontuação existente. Ficou marcada na história como "a pior equipe da Fórmula 1".


Na Fórmula Indy também tivemos exemplos de carros verdes. Um exemplo curioso foi nas 500 milhas de Indianápolis de 1992, onde a equipe King Bernstein estampou o verde do patrocínio da Quaker State nos seus dois carros. O colombiano Roberto Guerrero chavou uma espetacular pole position nos treinos classificatórios. Mas chegou na corrida, cometeu um erro primário ainda na volta de apresentação e destruiu seu carro. Foi o fim de corrida para ele sem ter largado.


Christian Fittipaldi teve uma única participação na Indy 500 em 1995. E foi com um carro de predominância verde, com o desenho da bandeira do Brasil. Com este carro, faltou pouco para ele vencer. Christian obteve o segundo lugar no final, perdendo apenas para Jacques Villeneuve.



Outro exemplo clássico foi de Tony Kanaan. Ele até conseguiu ser campeão da Indy com o carro verde e branco da 7 Eleven. Mas ele queria mesmo era as 500 milhas de Indianápolis. E ele ficava sempre no quase, muitas vezes, por pequenos detalhes. E outro detalhe: ele só conseguiu vencer a Indy 500 quando deixou de usar o verde no seu carro em 2013.


Com este mesmo carro verde da 7 Eleven, o canadense Paul Tracy correu a Indy 500 de 2002 e quase ganhou a corrida, numa ultrapassagem polêmica sobre Hélio Castroneves. Porém, segundo os organizadores, esta ultrapassagem foi inválida pois uma bandeira amarela tinha sido acionada no momento desta ultrapassagem. Assim, Paul Tracy perdeu a oportunidade de ouro de ter seu nome inscrito no quadro de vencedores da categoria.


Na extinta CART/Champ Car também tivemos exemplos de carros verdes. E Dario Franchitti perdeu um título em 1999 somente nos critérios de desempate. Seu carro tinha as cores dos cigarros Kool, e talvez tenha sido este o pequeno detalhe que faltou para o tão sonhado título. E olha que a categoria teve muitos outros exemplos de carros verdes...

Por fim, é isto. Se esta lenda da cor verde é válida ou não, cabe aos fãs da velocidade aceitarem se realmente é verdade. Mas independente disto, é uma história a mais que enriquece o folclore do automobilismo mundial.



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