sábado, 13 de fevereiro de 2016

Eles preferem os grandes esquadrões

Bom, gente. Estava aqui pensando sobre algumas coisas a respeito de futebol. E reparei nas rodas de amigos e agora que temos as modernidades da Internet, vemos falar muito dos grandes times, os esquadrões que marcaram época para os torcedores.

No caso do Corinthians, por exemplo, a conquista da Copa Libertadores em 2012 veio para lavar a alma do torcedor maloqueiro e sofredor que estava cansado de ser zuado por causa da ausência deste título. Mas, por incrível que pareça, o time de 2012 não está tão falado assim na memória do mais fanático torcedor corinthiano. E eu vou explicar por que:



Torcedor que se preze de verdade gosta de lembrar com carinho dos grandes times e dos grandes esquadrões que vieram e marcaram época. No caso do Corinthians, o time teve um no período de 1998 a 2000, onde um time cheio de estrelas como Marcelinho Carioca, Dida, Rincón, Vampeta, Ricardinho, Edilson Capetinha, entre outros. Aquele time teve um trabalho montado inicialmente por Vanderlei Luxemburgo e depois continuado por Oswaldo de Oliveira.

Aquele time era praticamente imbatível e ganhava tudo o que se via pela frente: Paulista, Brasileiro, Mundial de Clubes, etc... mas o time tem uma mancha no currículo: a ausência da Libertadores, objeto de desejo daquele time que encerrou um ciclo depois que Marcelinho Carioca perdeu aquele pênalti para Marcos na Libertadores de 2000 contra o Palmeiras. Até hoje o torcedor palmeirense lembra mais com carinho deste pênalti do que da conquista da mesma Libertadores no ano anterior.

Agora se comparando com o time corinthiano campeão de 2012, tem alguns valores individuais como Emerson Sheik, Paulinho, Liédson, Alex, Danilo, etc. Mas o time não empolgava muito porque foi preparado pelo técnico Tite para ganhar a Libertadores e isto talvez tenha pegado na busca de outros títulos. O forte daquele time era um grupo unido e coeso. Tanto é que na campanha desta conquista, foram apenas quatro gols sofridos e um título conquistado de forma invicta, coisa que muitos poucos conseguiram na história da competição. O time tornou-se um vencedor em outros campeonatos, mas foi construído exclusivamente para um torneio que era o objetivo principal.



Outro detalhe comparando-se os dois times: o esquadrão de 1998 a 2000 jogava para frente, aplicava grandes goleadas contra os adversários e entrava com sangue nos olhos, bem ao contrário do time de 2012, que se preocupava com o resultado, com uma defesa eficiente, mesmo que fosse preciso ganhar apenas de 1 x 0 jogando retrancado. Além disto, o time de Marcelinho Carioca era uma senhora duma fogueira de vaidades, cada um mais preocupado em brilhar mais do que o companheiro, brigando muitas vezes um contra o outro, explorando mais o marketing pessoal dos seus jogadores, e um técnico mais estilo “Laissez-Faire”, que deixava os jogadores deitarem e rolarem nos treinos e jogos, bem diferentes do time de Tite, que tinha na figura dele um papel de líder nato, buscando sempre o melhor de cada jogador e que não deixava as vaidades acontecerem, fazendo com que o time tivesse mais união entre seus jogadores, quase que uma família, ao contrário do esquadrão do final dos anos 1990, onde os jogadores só olhavam para o próprio umbigo.

Mesmo com a ausência da Libertadores naquele time, o Corinthians de Marcelinho Carioca está mais no coração do torcedor corinthiano do que o time pragmático e fazedor de resultados do técnico Tite, mesmo com a Libertadores de 2012. Tal circunstância lembra a seleção brasileira, onde no coração do torcedor, mesmo perdendo, o escrete canarinho de 1982 de Telê Santana está mais vivo na memória do torcedor do que a seleção de Romário campeã em 1994.

Por estas e outras, os torcedores preferem os grandes esquadrões aos times eficientes tecnicamente. Isto explica também a paixão destes torcedores por times que jogam vibrando, que mais se preocupam em jogar pra frente e dar espetáculo. São estes que ficam realmente na memória do torcedor.




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