sábado, 13 de agosto de 2011

De Danica Patrick do Brasil a Milka Duno tupiniquim: o que acontece com Bia Figueiredo???

Bom, gente. Já estamos no meio da temporada da Fórmula Indy e uma coisa me chama a atenção nesse momento: a nossa Ana Beatriz Figueiredo, primeira brasileira a competir numa categoria top do automobilismo mundial. Face aos resultados dela até então, eu pergunto: o que realmente está acontecendo com a nossa Bia???



É verdade que seus resultados até agora não tem sido convincentes e que deixam a desejar. As atuações discretas dela na Indy já começam a fazer questionar a real capacidade técnica dela. Críticas e mais críticas não faltam para falar dela sobre as atuações e o que ela está sentindo. Mas isso é culpa exclusivamente dela???

Se pegarmos o retrospecto dela nas categorias anteriores, veremos que ela tem um cartel respeitado mesmo no automobilismo. Primeira mulher a liderar um campeonato na Fórmula Renault, ela venceu provas principalmente na última temporada dela em 2005 e chamou a atenção de Frank Williams e Flávio Briatore, chefões da Fórmula 1, que queriam conhece-la. Fora isso, ela foi seguindo seu caminho. Primeiro de tudo, a Fórmula 1 era a sua meta. Chegar a correr na McLaren, equipe de coração dela. Logo, suas boas atuações chamavam atenção da mídia e ela chegou ser chamada de “A nova Ayrton Senna”. Depois, alguns percalços, um ano sabático, até que cansada da Fórmula 1, ela resolveu chutar o balde e ir se arriscar nos Estados Unidos, mais precisamente na Indy Lights, categoria de acesso à nova Indy unificada. Isso em 2008.

Logo na primeira temporada pela equipe Sam Schimidt, ela anda muito bem, consegue alguns pódios e a sua primeira vitória na categoria, em Nashville, tornando-se a primeira mulher a vencer na Lights. O desempenho dela é satisfatório e muitos aqui no Brasil começam a apelida-la de “Danica Patrick do Brasil”, comparando ela com a estrela da Fórmula Indy. A meta era uma só segundo a mídia: a Danica ir para a Fórmula 1 e a Bia assumir o lugar dela na Andretti Green (hoje só Andretti). Bia terminou em terceiro lugar no campeonato, perdendo apenas para Raphael Matos e Richard Antinucci naquele ano.

Veio 2009 e com ele a expectativa da nossa Bia se sagrar campeã. O favoritismo pesou contra ela, tanto que uma panca forte em Indianápolis a afastou de algumas corridas, somado à uma parcela de patrocínio não paga. Mas quando voltou, foi para vencer em Iowa. Mesmo com essa temporada irregular, ela conseguiu o oitavo lugar em 2009. Muito pouco para quem era considerado favorito.

Mas como esses percalços passam, a Ana Beatriz consegue em 2010 uma chance na pequena Dreyer & Reinbold, no terceiro carro da equipe, mas apenas para 2 provas: São Paulo e Indianápolis. Ela na estréia conseguiu terminar face às limitações de seu carro, um décimo terceiro lugar, a melhor das mulheres na corrida. E em Indianápolis, ela conseguiu o título de melhor rookie no grid de largada.

Terminadas essas corridas, ela foi correr atrás de verba para uma temporada toda. Chegou a fazer duas corridas substituindo a Mike Conway, mas muito pouco discreto. Bia terminaria assim a temporada de 2010 e lutaria para conseguir correr a temporada de 2011. E de fato, ela conseguiu: a Ipiranga renovou apoio, e melhor, desta vez para a temporada toda. Mas os resultados não vieram como o planejado. Alguns acidentes, outras atuações apagadas durante treinos e corridas já fizeram os mais fervorosos contestarem e questionarem os resultados obtidos nas corridas que ela disputou nas categorias de base e os anti-Bia já chamaram-a de “Milka Duno Tupiniquim”, numa alusão à piloto venezuelanda que tanta dor de cabeça deu a muita gente quando correu na Indy.



Agora, analisando um pouco mais a Bia, noto que algumas atitudes dela fazem contribuir para que seu insucesso inicial se reflita à críticas, principalmente por parte dos Anti-Bia (sim, ela ganhou uma legião de odiadores, por incrível que pareça). Nas entrevistas, ela sempre citava o empresário André Ribeiro e quando faziam uma pergunta que precisasse de uma resposta imediata, ela respondia “Vou ver o que o André acha”. Muitos entendem como uma fuga de responsabilidade ou passividade excessiva frente às situações. Outras perguntas foram motivos até de piada, como não saber responder a potência de um motor de Indy, ou mesmo falar simplesmente que a Fórmula 1 é suja por isso ela deixou pra lá o sonho da Fórmula 1. Isso soou essa última declaração como uma desculpa de quem não chegou lá. Até coisas que não tinham nada a haver como aparecer falando que pintou unha ou simplesmente vestir a camisa do Corinthians (meu time de coração e também do Emerson, Senna, Rubens, Boesel, da Bia e tantos outros pilotos) soou como um pecado mortal que ela cometeu (decerto eram são paulinos que não enguliram essa porque no São Paulo tudo é planejadinho e nos outros não), causam até ciúme por parte de alguns.

Eu penso da seguinte forma esses resultados desanimadores: a Bia tá correndo numa equipe pequena que é a Dreyer & Reinbold. Como diria Oswaldo Brandão, saudoso técnico da quebra do jejum de 1977: “Não dá pra fazer omelete sem ovos”. Numa equipe pequena como é a Dreyer & Reinbold, não dá pra fazer muito: Ah, mas o Pagenaud no carro dela foi oitavo sem correr na Indy e ela só fica de décimo nono pra trás, diriam os anti-bia. Engraçado: tiveram uma paciência de jó com determinados pilotos e ninguém tem paciência com ela??? E a Simona então que sofre tanto quanto a Bia nos ovais e ninguém reclama??? Ela e a Simona tem condições sim de andar numa equipe de ponta e bem. Nas categorias de base elas foram bem. Não é possível que desaprenderam ao entrar na Indy.

Pobre Bia... eu penso que ela já está com destino marcado de correr na Stock Car em breve e está sendo comparada com um certo piloto brasileiro que correu 19 temporadas na Fórmula 1 e que se os resultados não melhorarem, ela vai acabar pagando o pato. Mas eu acredito sim na Bia, mas não na equipe que ela está. Eu acredito sim que aquela Bia Figueiredo que conheci nas categorias de base até disputar a Indy Lights ainda está viva. Mas pra isso as circunstâncias tem que ajudar. Senão vai acabar tendo o mesmo destino de tantos outros pilotos que correram na F1 e Indy e que acabaram ficando pelo caminho. Força, Bia. E que você tenha muito ainda o que mostrar na Fórmula Indy.