sábado, 19 de outubro de 2013

Kitty Pryde e Colossus - Um casal que marcou muito no mundo de quadrinhos





Bom, gente. Hoje vou mudar um pouco de assunto, me afastando um pouco de comentar esportes. Talvez ninguém vá querer notar, mas assuntos de nerds estão à todo o vapor nos últimos tempos e abordarei nesta coluna um casal que, pelo menos para mim, e que também deve ter lembrado, os mais fanáticos de quadrinhos de super heróis, principalmente nos anos de 1980 e 1990.

Naquele tempo, a Marvel e a DC Comics, principais editoras de quadrinhos dos Estados Unidos, mais precisamente a Marvel, resolveu lançar como moda histórias onde os principais heróis mantinham romances entre eles ou romances deles com pessoas comuns... mas um casal para mim marcou muito, mais precisamente nas histórias dos X-Men (o grupo de mutantes americanos que virou febre depois que lançaram os filmes deles no Brasil) que eram totais desconhecidos nas telas de TV mas um grande sucesso nos quadrinhos da Editora Abril naquele tempo. Estou falando de Kitty Pryde e Colossus.



Esse casal chamou muito a atenção dos fãs de quadrinhos. Kitty, ainda uma aluna em treinamento na Escola do Professor Xavier e o gigante blindado russo protagonizaram por muito tempo uma relação de amor e cumplicidade mútua entre os dois. Um típico caso de relacionamento de adolescentes, que claro, cresceu com o tempo e viveu muitos altos e baixos (mais altos do que baixos) e que todo mundo lia as histórias da equipe mais para saber da continuidade do romance entre os dois. Mesmo quando o principal casal do time era Scott Summers e Jean Grey, até que a morte os separou por um determinado momento, o casal Kitty Pryde (a  Lince Negra) e Colossus marcou bastante para mim e hoje analiso por vários aspectos o desenrolar dessa trama.

Kitty e Colossus eram praticamente um o oposto do outro, mas se completavam em muita coisa. Ela, norte-americana e ele, soviético (um ponto polêmico onde para os americanos, os soviéticos eram vistos como vilões na visão deles). Um casal meio que emblemático naquele período de Guerra Fria entre os blocos capitalistas e socialistas. Ela, capaz de atravessar paredes e corpos sem ser atingida por armas letais, meio que atirada, feliz, que não fugia de debates, mas também cheia de medos e inseguranças, algumas vezes devido à sua inexperiência inicial, acabava se metendo em algumas enrascadas. Ele, que se transformava num ser blindado, meio tímido, mais reservado, ponderado, mas botava a cara a bater nas missões e muitas vezes acabava socorrendo a sua namorada das situações embaraçosas. Colossus foi uma das pessoas que ajudou muito Kitty a se adaptar ao grupo, com sua bondade e senso de raciocínio ponderado que fascinava ela e a deixava mais tranquila nas missões porque ela sabia que podia contar com ele...



O grupo também deu uma mãozinha para que esse relacionamento desse certo. Vieram depois as crises, mudanças de direção nos grupos. A Lince Negra ganhou até a liderança do grupo Excalibur (uma extensão dos X-Men na Europa) por um período e convidou ele a participar do grupo, sabendo de suas qualidades. Kitty amadureceu muito, e ela deve muito desse amadurecimento ao seu eterno namorado, que sempre esteve ali, nas horas mais difíceis. Hoje o relacionamento entre os dois está mais na base de uma “amizade colorida”, mas um sabe que pode contar com o outro quando necessário.

Hoje eu depois que vi os desenhos animados dos X-Men e os filmes do grupo, fiquei aqui pensando: Sempre a prioridade era o romance entre Scott Summers e Jean Grey, outras vezes até exploraram Vampira e Gâmbit (nos desenhos) ou Vampira e Homem de Gelo (nos três filmes da série). Até o Professor Xavier já xavecou nos filmes da série, mas ninguém falava nada no casal Kitty Pryde e Colossus. Kitty no primeiro filme teve uma participação rápida e Colossus nem foi citado. Ele só apareceria no segundo filme da série ainda assim uma pequena participação especial. No terceiro filme, já com os atores Ellen Page e Daniel Cudmore, os dois atuaram juntos, mas nem sequer rolou nada entre eles.



Agora, o próximo filme dos X-Men em Maio de 2014, os dois voltam a participar da equipe. Mas aqui vai até uma sugestão: já que fizeram os filmes Origins: Wolverine e Primeira Classe, bem que a Marvel poderia reavivar esse romance entre os dois super-heróis se não no próximo filme do grupo, possivelmente uma sugestão de um novo filme solo entre Kitty Pryde e Colossus, num inverno europeu na Rússia, por exemplo, onde essa paixão e esse amor estaria cada vez mais vivo, superando diferenças e cada um convivendo com a realidade do outro, enfrentando vilões entre uma sessão de amor e outra...

Seja como for, esse casal marcou muito para mim e com certeza muitos da geração dos anos 80 lembram e viveram torcendo muito para finais felizes entre os dois. Um romance como os padrões da época diziam, sem muitas maldades, mas que ingênuo, às vezes. Kitty Pryde e Colossus foram a síntese de uma época onde as diferenças eram colocadas em segundo plano (de culturas ou personalidades) para viverem esse amor correspondido. Um casal à frente de seu tempo...

sábado, 12 de outubro de 2013

Mark Webber - Enfim, destruído





Bom, gente... hoje vou falar de um piloto que hoje está a poucos GPs da aposentadoria e que muitos o consideram um excelente piloto. O australiano Mark Webber, para muitos, não teve a oportunidade de ser campeão, mas aqui vendo, vou relatar algumas coisas que aconteceram nos últimos anos...

O piloto australiano veio para a Fórmula 1 em 2002, depois de algumas passagens pela Mercedes no FIA GT e depois disputado a extinta Fórmula 3000 (a predecessora da GP2). Webber tinha como padrinho o italiano Flávio Briatore, famoso por empresariar jovens pilotos e lança-los para a Fórmula 1. Logo na sua estréia, pela Minardi, arrancou um surpreendente quinto lugar no GP da Austrália, numa corrida que teve muitos acidentes na largada e que causou a controvérsia de não ter sido interrompida. Foi o grande momento da equipe naquela temporada e Webber deu os únicos pontos da equipe (naquela época só pontuavam os seis primeiros colocados de cada corrida).

No ano seguinte, Webber ganhou a vaga na Jaguar, que teve como companheiro de equipe o brasileiro Antônio Pizzônia. Tava claro e nítida a proteção dada a Webber na equipe. Pizzônia foi demitido por causa de uma ultrapassagem do piloto brasileiro em cima dele, já nascendo ali uma grande inimizade.

O que todo mundo notava em Mark Webber era uma postura arrogante e prepotente do piloto em suas declarações e também o fato dele fazer seu próprio marketing pessoal. Muitos diziam que ele tinha postura e espírito de campeão mundial. O próprio piloto se vangloriava disso e se autointitulou certa vez como “Destruidor de companheiros de equipe”. Mas o nível dos companheiros que ele teve era coisa questionável: Alexander Yoong, Anthony Davidsson, Antônio Pizzônia, Justin Wilson, Christian Klien, Nick Heidfeld foram alguns em princípio de carreira. Todos eles deixaram a Fórmula 1 mais tarde e com a comparação desses pilotos com Webber, diziam que o australiano era sempre o melhor e pronto.



Quando ele assinou com a Williams para disputar a temporada de 2005, o próprio piloto exigiu cláusula para escolher companheiro de equipe e de certa forma até que foi atendido. Tudo isso para vetar Antônio Pizzônia na equipe, onde a BMW acabou dando o veto para contratar Nick Heidfeld. Mas ele entrou na Williams quando a montadora alemã estava saindo da equipe e depois veio a mudança para os fraquíssimos Cosworth, ele viu que fez uma burreira do tamanho do mundo e foi salvo pela Red Bull, que o contratou para guiar pela equipe a partir de 2007.

O problema era a falta de vitórias. A Red Bull nunca vencia corridas naquela época. E eu notava que Webber ainda não tinha encontrado um companheiro de equipe que realmente o desafiasse. Até que a equipe promoveu Sebastian Vettel da Toro Rosso para a equipe principal. Veio Vettel e a equipe começou a ganhar corridas. Mark Webber finalmente venceu uma corrida depois de 130 GPs disputados (o GP da Turquia em 2009), quebrando a marca de Rubens Barrichello como o piloto que mais demorou para vencer um grande prêmio. Veio uma guinada na carreira dele, melhorando da água para o vinho, como diriam muitos.



O ano de 2010 veio e a Red Bull começou sua dinastia. Webber finalmente se lançou como um candidato em potencial à disputa. Parecia que seu ano finalmente iria chegar. Mas ele não tinha o apoio da equipe, onde os dirigentes sempre destratavam Webber quando ele reclamava ou cometia alguma infelicidade. Prova disso ele teve em duas oportunidades: no GP da Inglaterra, quando a equipe optou por dar uma asa nova para Vettel, tendo que fazer Webber correr com o equipamento antigo. Webber ganhou o GP de Silverstone e declarou no rádio: “Nada mal para um segundo piloto.”

A outra prova foi justamente na reta final. Líder do campeonato, ele não teve o apoio da equipe para fazer dele o campeão. Vettel ganhou as duas últimas corridas e virou o jogo, tornando-se campeão sem liderar em nenhum momento o campeonato. A célebre declaração do dirigente da Red Bull de dizer: “Prefiro o segundo lugar a ser campeão com jogo de equipe” soou como um grande golpe de mestre ao final da temporada e de que “venceu o esporte”. Mas a intenção da Red Bull era clara: “melhor perder o campeonato do que ganhar com Mark Webber. Preferimos o Vettel.”



A partir daí, o piloto australiano perdeu motivação e fez várias corridas modorrentas, contrastando com o domínio de Vettel. As vitórias foram se escasseando e o golpe final da equipe foi o GP da Malásia deste ano, onde a Red Bull ordenou aos seus pilotos manterem as posições de pista. Webber liderando e Vettel em segundo. Vettel desobedeceu a ordem e atacou Webber, ganhando a corrida, logo depois sendo blindado pela equipe. Se fosse Mark Webber que tivesse desobedecido a ordem num possível Vettel em primeiro e Webber em segundo, seria demitido naquele momento. Estava claro ali quem era quem mandava na equipe...

Como torcedor, eu me antipatizava muito com ele e suas atitudes arrogantes e todo mundo achando ele certo. Achava-o superestimado pela mídia e dirigentes. A sua postura de “destruidor de companheiros de equipe” me fez pensar numa coisa e desejei algumas vezes: “Espero que ele não encontre um Mark Webber pela frente.”. E ele o encontrou, na faceta de Sebastian Vettel...

Agora, com o fim de sua carreira na Fórmula 1, vai tentar a sorte em 2014 no WEC (o campeonato mundial de Endurance) como piloto oficial da Porsche. Antes, destruidor, acabou no fim sendo destruído, talvez pagando pelo que declarou e como foi o rumo de sua equipe. Ele termina a temporada marcado como um grande piloto que acabou não faturando o campeonato porque as circunstâncias não permitiram. Como outros pilotos que também são lembrados como talentosos, mas sem títulos, como a “gratidão” da Fórmula 1 sempre marcou...

sábado, 5 de outubro de 2013

Nigel Mansell e Ayrton Senna - Uma rivalidade meio que curiosa



Bom, gente... quem acompanhou a Fórmula 1 nos anos 1980 e 1990 deve lembrar das disputas e corridas marcantes entre dois pilotos daquela época. Dois pilotos que marcaram muito gerações de torcedores e que ficaram na memória as disputas entre eles: estou falando de Nigel Mansell e Ayrton Senna.



Ayrton Senna, dispensa apresentações, marcou muito uma geração de fãs brasileiros que até hoje relembram as corridas fantásticas que fez durante sua carreira. Já Nigel Mansell também marcou como um rival a ser batido e que enfrentou Senna durante algumas temporadas.

Mansell era piloto da equipe Lótus quando Senna começou sua carreira na Fórmula 1 pela equipe Tóleman. Não poderia imaginar o piloto inglês que Senna tomaria o seu lugar na equipe ao final de 1984. O inglês acabou indo para a equipe Williams, onde cresceu como piloto e se lançou como um piloto em busca de título na categoria.

Os gênios fortes de ambos fizeram acender essa rivalidade, originalmente nascida de uma fechada de Senna em cima de Mansell no GP Brasil de 1986 logo na primeira volta. Depois, eles viriam a se engalfinhar algumas vezes na pista e fora dela também. Mansell ganhou o ódio de muitos brasileiros também por sua rivalidade com Nelson Piquet, que viria a ser outro rival de Senna. Quem acompanhou a Fórmula 1 de 1986 a 1992 sabe de que estou falando...



Foram muitas corridas disputadas entre ambos. Quando Ayrton Senna foi para a McLaren para correr no melhor carro da equipe de todos os tempos, Mansell se apagou, por culpa de um equipamento inferior dado a ele. Mas em 1989, Mansell meio que ressurgiu, desta vez na Ferrari, tentando se lançar contra o seu rival...

Essa rivalidade também fez com que surgisse outra peça chave dentro da disputa: Alain Prost. O então companheiro de equipe de Senna, insatisfeito na escuderia, resolveu sair, e a Ferrari o contratou. Mansell meio que torceu o nariz, mas ajudou Prost na disputa contra Senna em 1989 (o ponto alto foi uma corrida onde Mansell joga Senna para fora da pista, mesmo desclassificado). Estava crescendo ali a inimizade entre os dois.

Mas logo no ano seguinte, com a dupla Prost/ Mansell na Ferrari, as coisas não andaram bem, e Mansell começou a reclamar contra Prost, talvez isso reaproximando Mansell de Senna, das cordialidades e tudo o mais. Mansell e Senna viveram bons momentos de respeito, até que o inglês voltou para a Williams e lançou o desafio de derrotar Senna e a McLaren.

Em 1991, ambos disputaram o título, com triunfo de Senna. Mas a McLaren já não tinha mais o melhor carro, e em 1992, Mansell praticamente dominou a temporada, não dando chances ao rival, com o Williams FW14B, com todos os componentes eletrônicos permitidos na época. Senna pouco pôde fazer e também não escondeu sua insatisfação de ver o rival ganhando todas com o “carro de outro planeta”.

Terminada a temporada de 1992, Mansell ganha o título com 5 corridas de antecedência (um recorde para aquela época), 9 vitórias em 16 corridas e 14 poles positions, superando inclusive algumas marcas de Senna. Porém, Mansell foi meio que traído pela Williams e resolveu buscar novos caminhos.

Mansell optou pela Indy (período Pré-Cisão) e correu na famosa equipe Newmann Haas. Senna, insatisfeito na época com a Fórmula 1, chegou a fazer um teste com a Penske, orientado por Emerson Fittipaldo, mas a experiência de Senna ficou apenas nesse teste. Enquanto Senna lutava contra a Williams de Alain Prost, Mansell faturava o título da Fórmula Indy naquele ano.

Ambos já estavam em caminhos diferentes quando pintou a morte de Ayrton Senna em Ímola 1994. Nigel Mansell, longe da Fórmula 1, lembrou dos bons momentos e da rivalidade que marcou a carreira de ambos, reconhecendo Senna como um piloto de grande valor. Ainda assim, foi chamado para substituí-lo em algumas corridas, com 41 anos de idade. A tempo de faturar sua última vitória, com o mesmo carro que era de Ayrton Senna, seu rival, marcando uma corrida inesquecível...

Lembro algumas vezes que quando ainda estava vivo, Ayrton Senna reclamava da Williams durante o início da temporada de 1994, dizendo que não se sentia confortável dentro da equipe, exigindo mudanças. No final, acabou tendo o seu fim. Nigel Mansell no ano seguinte, quando foi para a McLaren, também reclamou de desconforto dentro da equipe. Tanto que se afastou das primeiras corridas, mas voltou ao cockpit e ficou mais acuado, sendo demitido por uma imposição da Mercedes, a fornecedora de motores da McLaren. Seja como for, essa rivalidade marcou muito e deixou muitas saudades com os fãs do automobilismo em geral, principalmente àqueles que tiveram o privilégio de presenciar essas disputas...


Outras curiosidades a respeito dessa rivalidade:

1) Ayrton Senna conseguiu 41 vitórias e 3 títulos (1988; 1990 e 1991) contra 31 vitórias e 1 título de Nigel Mansell (1992).
2) Ambos foram companheiros de equipe do italiano Élio de Angelis na equipe Lótus: Nigel Mansell de 1980 a 1984 e Ayrton Senna em 1985.
3) Ayrton Senna teve sua última vitória no GP da Austrália de 1993 pilotando a McLaren. No ano seguinte, correu na Williams seus últimos grandes prêmios.
4) Nigel Mansell teve sua última vitória no GP da Austrália de 1994 pilotando a Williams. No ano seguinte, correu na McLaren seus últimos grandes prêmios.
5) Nigel Mansell e Ayrton Senna correram juntos pela última vez também no GP da Austrália em 1992. Mansell liderava e Senna vinha na sua cola quando ambos bateram e abandonaram.
6) Lótus, McLaren e Williams foram equipes em comum de Nigel Mansell e Ayrton Senna: Nigel Mansell (Lótus – 1980 a 1984; Williams – 1985 a 1988; 1991 e 1992; 1994; McLaren – 1995); Ayrton Senna (Lótus – 1985 a 1987; McLaren – 1988 a 1993; Williams – 1994).

domingo, 22 de setembro de 2013

Rivais - Tão em comum mas muito distintos ao mesmo tempo...



Bom, gente. Semana passada, assisti ao filme Rush, vi a rivalidade entre dois pilotos. O que me chamou a atenção foi a discrepância de dois mundos de dois pilotos rivais que tinham em comum o gosto pelas corridas e a briga pelo título. E na Fórmula 1, mundo de hoje ou seja nas épocas mais antigas, a rivalidade, quando é posta em ação entre dois pilotos, percebo que esses pilotos envolvidos têm mundos diferentes como podemos ver em alguns casos abaixo:

Primeiro, vou falar de Jim Clark e Graham Hill, britânicos, um escocês e outro inglês. Clark era o piloto número 1 da equipe Lotus e muita gente falava que ele poderia quebrar todos os recordes se não tivesse morrido prematuramente. Graham Hill, da pequena BRM, era um piloto que sempre ficou na sombra de Clark, embora tenham disputado campeonatos. Ambos levaram 2 títulos cada. Mas as diferenças sempre se notavam. O escocês voador gostava de forçar mesmo o carro, sempre guiando no limite e por algumas vezes esse estilo o deixava a pé em algumas corridas nas voltas finais. Hill, ao contrário, gostava de poupar equipamento, preservando-o para atacar nas voltas finais. Clark derrotou Hill em 2 oportunidades e Hill levou 1. Quando Graham Hill foi contratado pela Lotus para fazer dupla com o escocês, imaginavam-se um duelo particular entre ambos na mesma equipe, que infelizmente a morte tratou de não deixar acontecer. Hill ganhou o título de 1968 que poderia ter sido de Clark se não tivesse morrido.


No novíssimo continente também teve uma rivalidade que acabou depois passando para os construtores. O australiano Jack Brabham e o neozelandês Bruce McLaren, depois de um tempo, viraram sinônimo de equipes vencedoras. Quando pilotos, Brabham levou a melhor, ganhando 3 campeonatos. McLaren nunca conseguiu o título de pilotos. O que chamou a atenção foi o caminho que as equipes destes dois pilotos tiveram depois que seus fundadores deixaram o barco. Brabham vendeu a equipe para Bernie Ecclestone, que investiu na mesma, mas priorizava o lucro e também tinha outras atividades além de ser dono de equipe.
 

Quando a equipe iniciou a decadência na metade dos anos 80, ele simplesmente viu que tinha mais o que fazer. A equipe foi passando de mão em mão até fechar as portas falida e endividada. Já a McLaren, se profissionalizou, claro, sem antes passar por dificuldades depois que Bruce morreu e outros foram tomando conta da equipe. A profissionalização veio na década de 1980 e hoje, ela ganhou muito mais títulos que a rival e está firme e forte na categoria, brigando por vitórias.

O caso de Emerson Fittipaldi e Jackie Stewart também foi de uma rivalidade interessante no começo dos anos 70. Um, era novato na Lotus. Outro, já veterano e com títulos na bagagem. Enquanto Emerson era primeiro piloto, mas lutava praticamente sozinho dentro da equipe, (condição esta que herdou depois da morte de Jochen Rindt), Stewart sempre teve um escudeiro de prontidão, o francês François Cevert, que era encarregado do jogo de equipe e de fazer Stewart vencer as corridas. Emerson nunca teve esse tipo de ajuda, seja porque a Lotus nunca fazia jogo de equipe ou porque os companheiros de equipe eram inferiores demais ao talento da equipe.


James Hunt e Niki Lauda, eram dois exemplos de discrepância entre eles, que eu vi no cinema. O primeiro, um playboy assumido, que gostava de festas, fumava, bebia e transava com várias mulheres. Lauda era mais disciplinado, preocupava-se com o acerto de carros e respirava automobilismo e conquistou apenas o coração da esposa. Enquanto que Hunt era querido pelo seu estilo irreverente de ser, o rival parece que não era bem visto dentro do Paddock entre seus colegas e gente que trabalhou com ele. Mesmo depois do acidente, mostrou-se um respeito mútuo entre ambos. Mostra-se no filme um Hunt mais preocupado com badalação e um Lauda visando seu futuro fora da categoria. James Hunt, morreu pobre, vítima de um ataque cardíaco, aos 45 anos de idade. Lauda hoje, depois de muitas experiências na vida profissional, hoje é Diretor Técnico da Mercedes.



Nigel Mansell e Nelson Piquet foi outra rivalidade marcante, principalmente para os brasileiros. Esta, nascida dentro da equipe Williams, chegou a destacar-se dentro e fora das pistas. Piquet era um piloto mais técnico e ótimo acertador de carros, tinha o contrato de primeiro piloto dentro da escuderia. Mansell, de técnica, não tinha quase nada diria muita gente, mas era um excelente Showman nas pistas e confiava demais nas informações dos engenheiros de equipe, também tendo, apesar de ser o segundo, a preferência da equipe. Nigel Mansell ganhou mais corridas que Nelson Piquet em toda a carreira de ambos (31 x 23), mas o brasileiro possui mais conquistas de títulos, totalizando 3 contra 1 do rival. Até fora das pistas, ambos de gênio e temperamento forte, se estranhavam. Piquet se gabava de colecionar as mais lindas mulheres e ter espalhado filhos a torto e direito, aproveitando-se para espezinhar o rival, que desde o início de carreira, sempre foi fiel à sua única esposa e constituiu família. Recentemente, os dois fizeram uma ação promocional de lançamento de um carro de uma montadora e ambos, pelo menos num ponto concordaram entre eles: não precisaram bater para conquistar títulos.



Não muito distante daí, chegamos à Ayrton Senna vs Alain Prost. Talvez a maior rivalidade de todos os tempos, diria quem viu ambos correrem. Como vimos, essa rivalidade surgiu quando ambos dividiram as atenções na McLaren. Colecionaram vitórias, títulos e brigaram também em bastidores. Senna colecionava poles positions e vitórias. Prost, não se preocupava em ser mais rápido em treinos, concentrando-se para as corridas. Tanto é que sempre na maioria das vezes colecionava melhores voltas das corridas. Além disto, a forma como ambos eram vistos pelo público eram diferentes. Senna muitas vezes era admirado pelo seu carisma pessoal e buscava sempre ser profissional dentro e fora das pistas. Prost não nutria muita simpatia do público. Enquanto um era mais arrojado, o outro, buscava mais a técnica. Quando Senna morreu, Prost prestou solidariedade à família dele e também não cansou de falar sobre os momentos que passaram na categoria, que ficaram na memória de muitos.



Indo mais pra frente, alguns dizem que Michael Schumacher ganhou todos os seus títulos e suas vitórias porque não tinha adversários e se beneficiava de contratos excelentes dentro das escuderias que passava, mas pelo menos, na minha opinião, dois pilotos bateram de frente contra ele: Damon Hill (de 1994 a 1996) e Mika Hakkinen (de 1998 a 2000). O primeiro não teve vergonha de assumir a responsabilidade dentro da Williams depois da morte de Senna. E Mika, depois de substituir o próprio Senna na McLaren, tratou de ganhar confiança em si dentro da escuderia. Ambos brigaram contra Schumacher com suas armas, mas cometiam muitos erros que comprometiam as suas imagens e passou-se a impressão de que os dois eram pilotos falíveis, com pouco cérebro, e que quando foram campeões, só o conseguiram porque seus carros eram melhores que os que Schumacher guiava, contrastando com a imagem do alemão, de buscar e sentir a perfeição. Mas, pra mim, ambos foram dores de cabeça terríveis para o alemão. Damon Hill foi campeão em 1996, aproveitando-se do fato de Schumacher estar se adaptando à Ferrari, mas poderia ter sido campeão em 1994 não fosse a manobra de Schumacher que o tirou da corrida. Mika Hakkinen, tinha como motivação, ganhar 3 títulos seguidos. Conseguiu só 2 (1998 e 1999), mas foi um rival à altura para o alemão na minha opinião. Damon Hill muitas vezes brigava com Michael Schumacher porque não aceitava a condição de ser ofuscado por ele. Já Hakkinen sempre pregou o respeito a seu adversário.



Hoje, as rivalidades mais recentes estão entre Fernando Alonso e Sebastian Vettel. Por um tempo, Kimi Raikonnen e Lewis Hamilton incomodaram o espanhol, mas foi Vettel quem se lançou contra ele principalmente nas últimas temporadas. Fernando Alonso tinha um mega pacote de patrocinadores espanhóis e também o apoio de um empresário de corridas, o Flávio Briatore, que dispensa apresentações. Já Sebastian Vettel não estaria na Fórmula 1 se não tivesse o apoio da Red Bull desde as categorias de base até o programa de Novos Talentos da fábrica de energéticos austríaca. Ambos estrearam bastante jovens na Fórmula 1, com 19 anos cada e também ganharam seu primeiro GP bastante novos. Mas Vettel é o mais jovem campeão e também dos dois o primeiro a se sagrar tricampeão. Alonso costuma atrair as polêmicas para si como o caso de espionagem da McLaren e o Cingapuragate de 2008, causando bastante antipatia por fãs rivais. Já Vettel sempre carregou a imagem de bom moço, mesmo quando precisou sacanear Mark Webber, sua imagem não mudou bastante. Vettel é querido por muita gente, coisa que Alonso não é. Mas ambos têm suas equipes para si e muita gente sonha com uma dupla entre ambos, seja na Ferrari, ou seja na Red Bull, mas ambos já vetaram o outro dentro das suas escuderias.



Por fim, é isto. Se as rivalidades de antes e de hoje eram saudáveis ou beiravam a inimizade, não importa muito. Mas a gente percebe como rivais tão distintos em muitos casos, acabam tento tanto ou nada ao mesmo tempo em comum. E é isso que os torcedores gostam de discutir e torcer, seja ele respeitado ou não. É isso que enriquece as histórias da categoria.