sábado, 5 de dezembro de 2015

Os campeões do povo na Fórmula 1

Bom, gente. Já que a temporada 2015 terminou (e que não me agradou por causa da hegemonia de uma equipe só), neste momento mais saudosista, começarei a lembrar de alguns tempos românticos. Os campeões da Fórmula 1 estão marcados nas estatísticas, mas tem um grupo de pilotos que estão marcados mesmo nos corações dos fãs de velocidade. São pilotos que muitos deles não conseguiram ser campeões, mas carregam o carisma e alguns outros pontos lembrados por fãs e quem viveu esta época. Muitos até discutem que eles mereciam ser campeões ao invés de quem de fato foi. Estou falando dos chamados Campeões do Povo, que ficaram marcados por serem admirados pelo público, carismáticos, mais humildes ou "menos arrogantes" e em alguns casos, com carreiras marcadas por fatalidades.

 
O primeiro a ser marcado como um Campeão do Povo foi o francês François Cevert (25/02/1944), que tinha a ingrata missão de ser o escudeiro de Jackie Stewart na equipe Tyrrell. Muito admirado pelas mulheres que frenquentavam o circo naquele tempo, colecionando aventuras amorosas diversas, os especialistas já o colocavam como esperança de título para os franceses. Cevert, sempre carismático com os fãs e referência quando se dizia piloto conquistador, acabou morrendo no GP de Watkins Glen quando a equipe já o preparava para suceder Stewart. Mas até hoje, o povo lamenta esta morte, que foi uma das que mais chocou o mundo da categoria.


Outro Campeão do Povo que teve um bom destaque foi Ronnie Peterson (14/02/1944), que carregava um modo de vida mais simples fora das pistas, inclusive tinha uma esposa fixa, a bela Barbro Edwardsson, mas que quando corria, se transformava num leão. As atravessadas de pista nas curvas dos circuitos arrancavam suspiros dos admiradores de corridas. Peterson passou por boas equipes como Lotus e Tyrrell, inclusive chegando a guiar o carro de seis rodas numa temporada. Foi vice-campeão em 1971 (mesmo sem conseguir nenhuma vitória) e em 1978, este último ano, sagrou-se vice póstumo, numa morte assistida por milhares de telespectadores no Grande Prêmio de Monza daquele ano, numa largada muito tumultuada e controversa na época.

Muitos diziam que Peterson merecia ser campeão, mas mesmo entre os campeões do povo, existiam rivais a altura, e Ronnie ganhou um com a chegada de Gilles Villeneuve (18/01/1950) no final dos anos 1970 e começo dos anos 1980. O estilo arrojado do canadense de nunca desistir em hipótese alguma, arrebatou uma legião de fãs no mundo todo, principalmente dentro da Ferrari. Villeneuve chegou com a incumbência de substituir Niki Lauda na equipe, mas acabou ganhando os fãs dentro da Ferrari. A morte de Villeneuve no GP da Bélgica de 1982 foi um baque na época, numa imagem que chocou o mundo automobilístico. Seu filho, Jacques, acabou anos depois, chegando na Fórmula 1 e conseguindo o título que seu pai nunca conseguiu.



Ainda nos anos 1980, surgiram outros que ganharam esta alcunha de "Campeões do Povo". O italiano Élio de Ângelis (26/03/1958), o "Príncipe Negro", conquistou fãs pelo estilo cavalheiro de lidar com as pessoas. De família abastada, ele aparentava ser uma pessoa mais "humilde" de povão mesmo... derrotou campeões na pista como Mario Andretti e Nigel Mansell e sua imagem está marcada com o Lotus preto e dourado da John Player Special. De Ângelis morreu num treino coletivo guiando para a Brabham em Paul Ricard em 1986.


Outro piloto que estava surgindo com potencial de ser campeão foi o alemão Stefan Bellof (20/11/1957), que tinha colecionado vitórias e títulos no extinto Mundial de Marcas e já chamava a atenção por suas boas atuações com uma limitada Tyrrell. Alguns diziam que seria um rival à altura para Ayrton Senna nas corridas, mas infelizmente ele acabou morrendo novo, numa corrida de Esporte Protótipos em Spa Francorchamps na Bélgica em 1985.

Também merecem destaques nesta lista o italiano Michele Alboreto (23/12/1956), morto numa prova de Endurance em 2001, o francês Jean Alesi (11/06/1964), e o italiano Giancarlo Fisichella (14/01/1973), este último, passou por várias equipes nos anos 1990 e 2000. O que estes três têm em comum é que guiaram para a Ferrari durante as crises técnicas que a equipe estava passando nos anos 1980 (Alboreto) e 1990 (Alesi), e isto também incluiu o Fisico, como era chamado na Fórmula 1, que encerrou a carreira guiando para a equipe de Maranello, ganhando um carinho a mais dos torcedores ferraristas e dos amantes de corridas, por demonstrarem ser pilotos à moda antiga.

Talvez o último representante dos campeões do povo tenha sido o australiano Mark Webber (27/08/1976), que recentemente se aposentou depois de ter ganho corridas na Red Bull e acabar depois indo para o Mundial de Endurance, mas outros possíveis candidatos a Campeões do Povo estão surgindo, como é o caso do alemão Nico Hulkenberg (19/08/1987), vencedor das 24 horas de Le Mans deste ano.







O Brasil também já teve seus campeões do povo. Nos anos 1970, o paulistano José Carlos Pace (06/10/1944) estava rivalizando com Emerson Fittipaldi a preferência do público brasileiro. Foi marcada sua única vitória na Fórmula 1, o Grande Prêmio do Brasil de 1975, onde derrotou Emerson na ocasião. Carlos Pace tinha tudo para ser o próximo brasileiro a levantar o caneco, mas acabou morrendo num desastre aéreo em 1977, encerrando uma carreira que tinha tudo para ser gloriosa nas pistas.


 E recentemente, o atual piloto brasileiro que represente esta geração é Felipe Massa (25/04/1981). O piloto conseguiu um vice-campeonato em 2008, numa das decisões de campeonato mais emblemáticas da história contra o inglês Lewis Hamilton. Perdeu o caneco de fato, mas para os fãs e quem convive com ele nos bastidores, o campeão é ele. E eles demonstraram isto na despedida de Massa da Ferrari, chamando muito a atenção e emocionando os torcedores.

Bom, estes são alguns exemplos de que mesmo aqueles que não conseguiram de fato o título, conseguem muitas vezes escrever seu nome dentro da Fórmula 1. Enquanto que a diferença é que os campeões de títulos, muitos não são sequer lembrados de que foram campeões, este grupo de pilotos, para eles, mereciam melhor sorte na categoria e não deixam nada a perder em questão de valores para os campeões de fato. Os campeões do povo sempre alimentam histórias para seus fãs contarem para as futuras gerações.

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